“Ex-procurador de Dirceu aconselhou coronel da PM no 8/1 e prometeu cargo no governo Lula”, diz Estadão

A cada dia que passa, o Brasil assiste estarrecido à revelação de novos capítulos da novela do 8 de janeiro, um episódio que, convenhamos, já está mais do que documentado,

O coronel Jorge Eduardo Naime em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF sobre o 8 de Janeiro Foto: Rinaldo Morelli / Câmara Distrital

A cada dia que passa, o Brasil assiste estarrecido à revelação de novos capítulos da novela do 8 de janeiro, um episódio que, convenhamos, já está mais do que documentado, mas que parece ser sempre revivido quando convém aos detentores do poder. Desta vez, o protagonista não é um infiltrado bolsonarista, mas sim um empresário e dirigente do PT, Fernando Neto, que segundo as investigações teve um papel ativo nos bastidores do evento, articulando diretamente com o coronel Jorge Eduardo Naime. Mas, claro, tudo isso não passa de uma coincidência, certo?

É curioso como certas figuras sempre aparecem nos lugares certos e nos momentos oportunos. Fernando Neto, que já foi procurador do lendário José Dirceu, um dos artífices da era petista, ditava ordens e prometia cargos como se estivesse em um tabuleiro de xadrez onde as peças eram os próprios agentes de segurança do Distrito Federal. Em um país sério, o envolvimento de um membro do PT em eventos tão delicados geraria no mínimo um escândalo de proporções homéricas. Mas aqui? Aqui temos um silêncio ensurdecedor.

O relatório da Polícia Federal não deixa dúvidas: Fernando Neto estava em contato direto com Naime, enviando instruções claras sobre como o coronel deveria se portar diante do interventor Ricardo Cappelli, este, por sua vez, homem de confiança de Lula. As mensagens trocadas são reveladoras. O coronel, diante da dúvida sobre o que dizer, recebe a resposta certeira de Neto, como se seguisse um script previamente ensaiado. “Se coloca à disposição dele e fala que você está integralmente à disposição”, aconselha o petista. E mais: ele ainda reforça que Naime deveria tirar qualquer culpa do próprio colo. Ora, vejam só! Uma narrativa cuidadosamente costurada para minimizar danos a certos atores enquanto se prepara o terreno para sacrificar outros.

Agora, a cereja do bolo: Fernando Neto chega a dizer que, caso Naime não voltasse para o comando-geral da PM, ele seria encaminhado para um cargo no governo federal. Um prêmio de consolação, talvez? Ou quem sabe, um reconhecimento por serviços prestados? O fato é que o coronel acabou preso semanas depois. Um destino diferente daquele prometido, mas que levanta muitas perguntas. O que realmente aconteceu entre os bastidores desse episódio? Quem mais estava envolvido e quais eram os verdadeiros interesses por trás de toda essa movimentação?

E como de praxe, a grande imprensa trata o caso com uma complacência impressionante. Quando surgem boatos sobre qualquer vínculo entre um militar e o ex-presidente Jair Bolsonaro, temos investigações, manchetes escandalosas e debates intermináveis sobre o suposto envolvimento da direita em atos “golpistas”. Mas quando aparece um petista articulando diretamente com a polícia, com promessas de cargos e influência nos bastidores, o caso recebe um tratamento protocolar, sem alarde. E se alguém ousa questionar, é tachado imediatamente de “conspiracionista”.

O mais interessante nesse enredo todo é que o próprio Palácio do Planalto se esquiva de comentar. “O referido cidadão não se encontrou com o presidente da República”, dizem. Ah, então está resolvido! Se não encontrou com Lula, então deve ser uma história sem importância. Afinal, desde quando um empresário e dirigente do PT precisa se encontrar diretamente com o presidente para atuar nos bastidores do poder?

Talvez o mais grave seja a constatação de que tudo isso faz parte de um teatro bem orquestrado. O 8 de janeiro foi um evento de grande repercussão, mas o que muitos não querem admitir é que os interesses políticos por trás da narrativa criada em torno do episódio são ainda mais perigosos do que os próprios acontecimentos daquele dia. Manipulação da opinião pública, uso seletivo da Justiça, e claro, a velha estratégia de sempre colocar a direita como vilã da história enquanto os verdadeiros articuladores circulam livremente pelo poder.

Afinal, se o caso fosse ao contrário, se tivéssemos um empresário ligado ao PL instruindo um coronel da PM em meio ao 8 de janeiro, a narrativa seria diferente? A resposta é óbvia. Seria manchete por semanas, resultaria em prisões preventivas, delações premiadas e até mesmo um novo inquérito no Supremo. Mas como o personagem central da trama atende pelo nome de Fernando Neto, ex-procurador de José Dirceu, a história simplesmente esfria, some das manchetes e cai no esquecimento.

Resta saber até quando os brasileiros aceitarão ser tratados como tolos. Até quando continuarão a assistir a essa seletividade absurda sem perceber que a narrativa do 8 de janeiro serve muito mais para consolidar um projeto de poder do que para realmente esclarecer os fatos. Enquanto isso, os verdadeiros articuladores seguem operando nos bastidores, sem medo, sem receio, e com a certeza de que sempre haverá um tapete vermelho estendido para suas manobras.

A lição que fica é clara: quem controla a narrativa, controla o futuro. E neste momento, quem detém o monopólio da versão oficial dos fatos são aqueles que, convenientemente, fazem questão de esquecer certos detalhes. Mas a verdade, essa sim, sempre encontra um jeito de aparecer. E quando ela finalmente vier à tona, que o Brasil esteja pronto para enxergar o que sempre esteve diante dos nossos olhos.

Com informações Estadão

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