
A perseguição à juíza Ludmila Lins Grilo é um retrato assustador do estado de exceção em que vivemos. Uma magistrada independente, que ousou desafiar a narrativa oficial durante a pandemia, é agora banida da sua função pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em uma decisão unânime, presidida pelo ministro Luís Roberto Barroso. A justificativa? Ter opinião própria e coragem para expressá-la.
A juíza Ludmila Grilo sempre foi uma voz dissidente no Judiciário. Ela se opôs a medidas autoritárias como lockdowns, obrigatoriedade do uso de máscaras e restrições de liberdade impostas por decretos. Defendendo princípios básicos da Constituição, como a livre circulação e a autodeterminação dos indivíduos, ela se tornou alvo de uma estrutura que se diz democrática, mas que não tolera dissidência.
O julgamento que a aposentou compulsoriamente pela segunda vez não surpreende. Em um país onde a justiça se tornou um campo de batalha ideológico, juízes que não se curvam ao sistema são rapidamente eliminados. A mídia, como sempre, trata o caso com um viés previsível: destacam que ela apoiou Jair Bolsonaro, como se isso, por si só, fosse um crime, e enfatizam que “instigou a população a não usar máscaras”, omitindo o fato de que as medidas sanitárias eram questionadas por diversos cientistas e juristas no mundo todo.
A decisão do CNJ, tomada em um julgamento virtual, apenas evidencia a pressa em calar mais uma voz incômoda. O relator Caputo Bastos, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), recomendou a sanção máxima. Curiosamente, a mesma instituição que poupa magistrados alinhados ao sistema é implacável com aqueles que se atrevem a contrariá-lo.
“A reportagem não conseguiu ouvir a juíza”. Não conseguiu porque SEQUER TENTOU. Procurei mensagem de vocês na DM de todas as minhas redes, não encontrei nada. Mentirosos.
— Ludmila Lins Grilo (@ludmilagrilo11) April 3, 2025
No mais, quanto à máscara, eu estava CERTA. É isso que dá ser mais inteligente que os demais, a gente percebe…
Outro fator revelador é o exílio forçado da juíza. Ludmila Grilo não deixou o país por escolha própria, mas sim por necessidade. Após receber ameaças e ser ignorada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), que deveria garantir sua segurança, a magistrada viu-se forçada a buscar refúgio nos Estados Unidos. Agora, ela é rotulada como “revel” por não fornecer um endereço fixo para notificações judiciais. O que esperavam? Que ela aguardasse pacificamente sua execução política?
Os processos movidos contra Ludmila Grilo também são reveladores. A fonte da investigação no CNJ era anônima, e ainda assim foi considerada válida. Quando se trata de perseguir conservadores, vale tudo. Curiosamente, o ministro Luiz Felipe Salomão discordou do arquivamento do caso pelo TJ-MG e empurrou o processo adiante. Um magistrado deve ser punido com aposentadoria compulsória apenas por fazer publicações em suas redes sociais? Não se tratava de corrupção, improbidade administrativa ou desvio de conduta. O “crime” de Ludmila foi pensar por si mesma.
A mídia tenta pintar um quadro de negligência ao mencionar “1.291 processos paralisados” em sua vara criminal. Mas alguém investigou as condições de trabalho? Alguém se perguntou se havia estrutura suficiente? Não. Quando se trata de adversários políticos, qualquer argumento serve para desqualificar e perseguir.
Mas essa perseguição não acontece no vácuo. Nos Estados Unidos, aliados de Eduardo Bolsonaro e outros conservadores estão pressionando o Departamento de Justiça para investigar a coibição de opinião e liberdade de expressão imposta por Alexandre de Moraes e seus aliados. Ludmila, junto com nomes como Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Allan dos Santos, figura entre os perseguidos.
Ludmila Grilo também deixou claro que levará seu caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos, denunciando as violações cometidas pelo CNJ e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O sistema não tolera juízes que não rezem pela cartilha progressista. Se você é conservador e ousa expressar isso, você é perseguido.
Seu caso é um aviso para qualquer um que ainda acredite em um sistema minimamente imparcial. Não importa seu cargo ou sua função: se você não se dobrar ao regime de censura e controle, você será eliminado. A mídia continuará a distorcer os fatos, o Judiciário seguirá impondo sanções arbitrárias e a sociedade permanecerá refém de uma estrutura que insiste em chamar de “democracia” aquilo que se assemelha a um regime totalitário.
A história de Ludmila Grilo deve servir de alerta. Hoje foi ela. Amanhã pode ser qualquer um de nós.
Com informações Folha de S.Paulo