
Ah, a genialidade da política brasileira nunca decepciona. Mais uma vez, Lula nos presenteia com sua incrível capacidade de se surpreender com as próprias decisões – ou melhor, com aquilo que ele mesmo diz que não decide. Agora, veja só, o presidente descobriu que não é ele quem autoriza o aumento do diesel. Quem diria? Afinal, essa coisinha chamada Petrobras, que tem um leve histórico de interferências presidenciais, é quem faz o serviço. Puxa vida, parece que só agora Lula leu o manual da empresa estatal.
Vamos colocar isso em perspectiva. Quando é para usar a Petrobras como um trunfo político, Lula se comporta como o grande maestro que rege a orquestra da economia nacional. Mas, quando o preço do diesel precisa subir – porque, veja só, existe um tal de mercado global de petróleo –, ele rapidamente veste a fantasia de humilde espectador, jogando a responsabilidade no colo da estatal. É aquele clássico jogo de “manda quem pode, obedece quem tem juízo” – desde que não seja para assumir as consequências, claro.
E o argumento de que o reajuste “ainda assim vai garantir que o preço do diesel fique abaixo daquilo que era em dezembro de 2022” é simplesmente um espetáculo à parte. Traduzindo: “Vocês já pagaram caro antes, então reclamem menos agora”. Afinal, o importante é que Lula está garantindo que você não seja espancado com um bastão de beisebol, mas sim com um de madeira mais leve. Que generosidade!
A realidade dos fatos, que Lula convenientemente ignora, é que os combustíveis têm impacto direto no custo de vida do brasileiro. Cada centavo que sobe no diesel significa aumento no frete, no transporte público, no preço da comida. Mas não, para o presidente, isso é só um detalhe menor, um número em uma planilha, uma coisa que ele pode resolver com um discurso bem ensaiado no teleprompter.
“Eu não autorizei o aumento do diesel. Aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e derivados é a Petrobras, e não o presidente da República”, diz Lula. “Se ela for fazer, é um reajuste que, ainda assim, vai garantir que o preço do diesel fique abaixo daquilo que era em… pic.twitter.com/LNt6PWY2SQ
— GloboNews (@GloboNews) January 30, 2025
E não é de hoje que esse show de negações acontece. Lula sempre teve essa habilidade incrível de se tornar um mestre da retórica quando o assunto é responsabilidade. Quando o preço cai, é mérito do governo. Quando sobe, é culpa da Petrobras, do mercado, do Bolsonaro, do aquecimento global ou de alguma entidade mística que só ele conhece. O importante é que o problema nunca tem um único culpado: ele sempre está longe do Planalto.
Aliás, essa história toda é um déjà vu daquelas políticas de controle de preços que já vimos antes. Lembra do tempo em que a Petrobras era usada como ferramenta de manipulação para segurar a inflação artificialmente? Pois é, o resultado foi um rombo bilionário que levou anos para ser contornado. Mas, como diria um grande filósofo contemporâneo, o brasileiro tem memória curta. Então por que não repetir a fórmula, não é mesmo?
Enquanto isso, a população segue firme na sua rotina de pagar caro para encher o tanque e ver os preços no supermercado subirem. Mas calma, Lula já disse que o reajuste “vai garantir que o preço fique abaixo do que era em 2022”, então podemos todos dormir tranquilos. Afinal, se tem uma coisa que podemos confiar, é na palavra do presidente que não tem controle sobre nada, mas sempre aparece para discursar como se tivesse.
E assim segue o Brasil, um país onde as decisões são tomadas por forças misteriosas, onde as palavras valem mais que os atos e onde o presidente sempre encontra uma desculpa para não ser culpado por nada. Mas não se preocupem, está tudo sob controle. Quer dizer, pelo menos até o próximo aumento.