
A movimentação de Luiz Inácio Lula da Silva para estreitar laços com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), não é surpresa para ninguém que acompanha os bastidores da política brasileira. A tentativa de levar Barroso para viagens internacionais apenas escancara o que já era evidente: o Supremo se tornou um braço político do governo petista.
O colunista Carlos Andreazza, Estadão ao analisar a situação, acerta em cheio ao afirmar que Lula vê Barroso como um político negociador, exatamente da mesma forma que trata figuras como Davi Alcolumbre e Arthur Lira. Em outras palavras, o presidente da República não enxerga no Supremo um órgão independente e técnico, mas sim um espaço de articulação política e influência. O Judiciário, que deveria ser um guardião da Constituição, agora é visto como mais uma peça no tabuleiro do poder.
A história recente do Brasil nos ensinou que o Supremo Tribunal Federal deixou de ser apenas um tribunal para se tornar um ator ativo na política nacional. Com decisões controversas, ministros que se comportam como comentaristas políticos e um envolvimento direto em pautas que deveriam ser resolvidas pelo Legislativo, não há mais separação clara entre os Poderes. E Lula, experiente como é, sabe muito bem como explorar essa situação ao seu favor.
A viagem ao Japão e Vietnã, onde Lula já levou consigo os atuais e antigos chefes do Congresso, serve como um exemplo claro do tipo de aproximação que ele deseja. Ele quer fortalecer a chamada “aliança entre os Poderes”, um eufemismo para a troca de favores e articulações que garantam blindagem política e institucional para o seu governo. Agora, ao incluir Barroso nesse círculo, Lula quer assegurar que o STF continue servindo aos seus interesses.
O mais preocupante dessa estratégia é que a independência do Judiciário, um dos pilares do Estado de Direito, está sendo corroída. Se antes o Supremo já tomava decisões questionáveis que favoreciam Lula e seus aliados, imagine agora com o presidente do tribunal integrado diretamente aos esquemas do Planalto? O brasileiro que se preocupa com a democracia precisa entender que isso não é simplesmente uma cordialidade institucional – é uma movimentação perigosa que pode consolidar um ambiente onde o Executivo e o Judiciário atuam como um bloco monolítico, sem freios e contrapesos.
A transparência que Lula demonstra ao incluir o STF em sua rede de articulações é um recado claro: ele quer um Judiciário cada vez mais submisso às suas vontades. Essa aproximação escancara a realidade que a esquerda tenta negar – não há separação real entre os Poderes quando o Supremo se torna um parceiro de governo. Se antes ministros do STF já atuavam politicamente sem sequer esconder suas preferências ideológicas, agora o jogo fica ainda mais explícito.
O brasileiro precisa ficar atento a essa movimentação. O risco de termos um Supremo totalmente alinhado ao governo, sem qualquer neutralidade, coloca em xeque a democracia e a justiça. Se o Judiciário, que deveria ser um poder moderador, se transforma em um aliado estratégico do Executivo, então não há mais barreiras institucionais para conter abusos de poder. Lula sabe disso – e está jogando todas as suas fichas para garantir que não haja obstáculos em seu caminho.
Com informações Estadão