
Ah, a política internacional e seus bastidores! Um espetáculo que, muitas vezes, supera qualquer roteiro de Hollywood em termos de drama, reviravoltas e, claro, uma boa dose de ironia. E hoje, caro leitor brasileiro, vamos mergulhar nas águas turbulentas das finanças públicas, onde as palavras são tão maleáveis quanto a massa de pão e os fatos são frequentemente embrulhados em um papel de presente chamado “narrativa”. Vamos lá, porque você merece saber a verdade, mesmo que ela venha com um toque de sarcasmo digno de um stand-up comedy.
Primeiro, vamos ao cenário: você, cidadão brasileiro, está lá, pagando seus impostos, tentando entender por que o leite está mais caro e por que o seu salário parece encolher a cada mês. E então, surge a notícia: “Déficit nas estatais!”. Uau, que novidade, não é mesmo? Mas calma, não é um déficit qualquer. É um déficit especial, daqueles que não podem ser chamados de “rombo”. Porque, veja bem, chamar de “rombo” seria muito vulgar, muito direto. Precisamos de um termo mais sofisticado, mais palatável, como “resultado deficitário”. Afinal, quem não gosta de um eufemismo bem colocado?
A ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação, foi categórica: “Não é rombo”. Claro que não, ministra! É apenas um pequeno deslize contábil, uma coisinha mínima, quase imperceptível, como um arranhão no para-choque do carro. E ela ainda nos lembra, com a paciência de quem explica a tabuada para uma criança, que muitas despesas foram feitas com o dinheiro que já estava em caixa. Ah, então tá tudo bem! Porque, claro, se o dinheiro já estava lá, não importa se ele foi gasto de forma eficiente ou não, certo? O importante é que ele existia. E existindo, pode ser gasto. E se for gasto, pode gerar déficit. Mas, repito, não é um rombo. Jamais!
E vamos falar sobre os Correios, essa joia da coroa das estatais brasileiras. O foco, segundo a ministra, é que seja uma empresa lucrativa. Sim, porque até agora, o que vimos foi um espetáculo de eficiência e rentabilidade, não é mesmo? Mas, ei, não vamos ser negativos! A ministra nos assegura que, das 11 empresas com déficit, nove têm lucro. Uau, que alívio! Então, só duas estão no vermelho. Mas, novamente, não é um rombo. É só um pequeno desequilíbrio, um desajuste momentâneo, como quando você tenta equilibrar um prato na ponta do dedo e ele cai. Acontece!
“Primeiro, não é rombo. Não chamem de rombo. O que foi divulgado pelo Banco Central é o resultado fiscal das empresas que pensa só as receitas e despesas do ano. Como eu já expliquei várias vezes, muitas despesas feitas pelas estatais são com o dinheiro que estava em caixa.… pic.twitter.com/RMBosVlq6V
— GloboNews (@GloboNews) January 31, 2025
Agora, vamos colocar isso em perspectiva para você, cidadão brasileiro, que está lendo isso enquanto toma seu café (se ainda puder pagar por ele). Imagine que você é dono de uma pequena empresa. Você tem 11 funcionários. Nove deles estão dando lucro, mas dois estão gastando mais do que ganham. Você, como bom gestor, ficaria tranquilo? Claro que não! Você cortaria gastos, reavaliaria estratégias, talvez até demitisse alguém. Mas, no mundo mágico das estatais, tudo bem. Porque, afinal, não é um rombo. É só um “resultado deficitário”. E quem não gosta de um pouco de déficit de vez em quando, não é mesmo?
E aqui entra a cereja do bolo: a reunião com o presidente Lula e o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos. Imagino a cena: Lula, com sua experiência de sobra em lidar com crises (e criá-las, alguns diriam), ouvindo atentamente as explicações sobre como o déficit não é um rombo. E Fabiano, lá, tentando convencer a todos de que os Correios estão no caminho certo. Aposto que foi uma reunião cheia de promessas, planos mirabolantes e, claro, muita esperança de que o povo brasileiro engula mais essa sem fazer muitas perguntas.
Mas, vamos ser justos. A ministra Dweck tem um ponto: é importante olhar para as receitas e despesas do ano. Afinal, uma empresa pode ter lucro e ainda assim ter um déficit temporário. O problema é quando esse “temporário” vira permanente, e o déficit vira uma bola de neve que só cresce. E aí, meu caro leitor, você sabe quem paga a conta? Exatamente: você, com seus impostos, com seu suor, com seu trabalho árduo. Enquanto isso, os gestores públicos continuam a jogar o jogo das palavras, onde “déficit” não é “rombo”, “crise” é “oportunidade”, e “ineficiência” é “desafio”.
E não vamos esquecer do contexto internacional. Enquanto o Brasil brinca de equilibrar contas, outros países estão olhando para o nosso quintal com um misto de curiosidade e preocupação. Afinal, o Brasil não é uma ilha. O que acontece aqui tem repercussão lá fora. E quando as estatais brasileiras dão sinais de instabilidade, os investidores estrangeiros começam a coçar a cabeça e a pensar duas vezes antes de colocar seu dinheiro por aqui. E aí, o que era um “resultado deficitário” vira uma crise de confiança, e o buraco (ops, desculpe, o “déficit”) só aumenta.
Então, caro leitor, enquanto você está aí, tentando equilibrar seu orçamento doméstico, lembre-se de que, lá em Brasília, há pessoas que estão fazendo malabarismos com o dinheiro público. E elas têm uma habilidade incrível para transformar notícias ruins em algo que soa quase aceitável. Mas não se engane: por trás de cada “não é um rombo”, há uma realidade que precisa ser enfrentada. E cabe a nós, cidadãos, ficarmos de olho e exigirmos transparência e responsabilidade. Porque, no final das contas, o dinheiro é nosso. E não há eufemismo que mude isso.
E assim, encerramos mais um capítulo da novela “As Aventuras das Estatais Brasileiras”. Fique atento, porque o próximo episódio promete mais emoção, mais reviravoltas e, claro, mais eufemismos. Até lá, continue pagando seus impostos e torcendo para que, um dia, o “resultado deficitário” vire, quem sabe, um “superávit surpreendente”. Sonhar não custa nada, certo?