
Ah, Brasil, esse país que não para de surpreender. Como você pode imaginar, quando a Polícia Federal resolve abrir o jogo sobre um esquema de desvios de bilhões de reais, a primeira reação dos nossos ilustres ministros não é exatamente a indignação. Não, claro que não. Em vez disso, a primeira preocupação é: “Será que esse inquérito vai cair na mão de um ministro amigo, ou será que vamos ter que dar um jeitinho, como sempre fazemos?” E assim, chegamos à maravilhosa saga da Operação Overclean.
A Polícia Federal, essa entidade adorada e respeitada por todos – principalmente quando ela toca em esquemas que envolvem os amigos do poder – se viu em uma situação um tanto quanto desconfortável. A PF pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que reconsidere o sorteio da relatoria do inquérito da Operação Overclean. E por quê? Porque, claro, o inquérito, que investiga desvios de R$ 1,4 bilhão no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), foi parar nas mãos de um ministro que talvez não tenha tanta afinidade com os interesses do governo de plantão. Então, nada como dar uma pequena empurrada, certo? Para o caso cair nas mãos do nosso querido Flávio Dino, que, sem dúvida, saberia o que fazer.
Agora, se você é do tipo que se pergunta como, exatamente, a política brasileira chegou a esse ponto de pura diversão e absurdo, deixe-me explicar. A Operação Overclean é um daqueles casos em que até a Polícia Federal tem que se perguntar “onde é que esse dinheiro está indo e quem está levando?” O esquema gira em torno de R$ 1,4 bilhão em contratos do DNOCS. Se você não sabe o que é o DNOCS, não se preocupe, você não está sozinho. Mas, pelo que a investigação revela, esse departamento, aparentemente mais preocupado em combater secas do que em controlar os fluxos de dinheiro, estava sendo usado como uma espécie de caixa eletrônico para todos os tipos de interessados – de políticos a empresários.
A PF encontrou um verdadeiro tesouro de corrupção e propina. Um jatinho particular, saindo de Salvador, com R$ 1,5 milhão a bordo. O dinheiro, é claro, era destinado a servidores de Brasília, em um esquema de propinas que tinha até nome e sobrenome: os empresários Alex Rezende Parente e José Marcos de Moura estavam no meio disso tudo, assim como Lucas Lobão, o homem do DNOCS na Bahia, que passou pelo governo de Jair Bolsonaro, porque quem, de fato, pensa que o governo passado estava tão preocupado em combater a corrupção, não é mesmo?
Só que, ah, sim, essa história tem um pequeno detalhe. A Polícia Federal não gostou muito de ver o inquérito cair nas mãos de Kassio Nunes Marques. Como? O ministro responsável por essas delícias jurídicas é, como podemos dizer, uma figura… menos favorável para a investigação? Claro, porque, com todo o respeito, quem quer que um caso tão relevante vá parar nas mãos de alguém que tem a habilidade de esconder uma investigação sob um tapete, não é mesmo? E, como já é tradição, a PF decidiu pedir ao STF para reconsiderar a distribuição e, se possível, passar a batata quente para Flávio Dino. Não é como se isso fosse uma grande surpresa, não é?
Esse pedido da PF, aliás, é bem interessante. É quase como se eles estivessem pedindo uma garantia de que, se o caso cair na mão certa, as coisas podem, de fato, ser tratadas com um pouco mais de seriedade. E, é claro, se Flávio Dino for o relator, quem sabe ele não coloca a lupa sobre tudo isso e tenta dar um gás na investigação, não é? Claro, porque a última coisa que precisamos é de mais um inquérito que se perde no limbo da impunidade.
É claro que, como bons burocratas que somos, precisamos de um pequeno atraso para analisar as informações técnicas sobre o envio do inquérito, como foi solicitado por Luís Roberto Barroso, o presidente do STF. Barroso, aparentemente, está mais interessado em garantir que o “processo” seja seguido à risca do que em descobrir para onde foram parar os bilhões de reais. Esse pedido de revisão, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) também se manifestando sobre o assunto, é quase como uma piada. Vai levar mais tempo, mais análise e, no fim, não vai resultar em nada de novo. Mas, se isso vai ajudar a manter as coisas em movimento até o próximo escândalo, então é isso que importa, certo?
E o melhor de tudo isso? As investigações apontaram que a organização criminosa responsável por esse desvio de bilhões de reais tinha suas raízes em todo o sistema. A movimentação de R$ 825 milhões só em 2024? Não, você não leu errado. É mais do que muitos países conseguem movimentar em um ano inteiro. Tudo isso, é claro, para beneficiar empresas e indivíduos ligados a administrações municipais. Ah, a velha política de sempre. E, claro, a prisão do vereador Francisquinho Nascimento, irmão do deputado Elmar Nascimento, só para dar aquele toque especial à trama. Porque, vamos ser sinceros, se a corrupção não tiver um pouco de “família unida”, então nem vale a pena.
Agora, como um bom brasileiro, você deve estar se perguntando: “Por que raios isso ainda está acontecendo?” Ah, a resposta é simples. Porque no Brasil, a corrupção nunca dorme. Ela apenas troca de endereço, de ministro, de advogado, mas continua sendo a velha e boa corrupção. E o mais engraçado? Você, o povo brasileiro, paga por isso. Paga quando o imposto aumenta, quando o serviço público falha, quando o dinheiro que deveria ser investido em saúde, educação e infraestrutura se perde em contratos fraudulentos e desvios. E quem paga? Você mesmo, claro, que nem sabe onde o dinheiro foi parar.
Então, da próxima vez que alguém tentar te convencer de que “as coisas estão melhorando”, lembre-se de que o Brasil é, basicamente, um grande reality show, e você está assistindo tudo de camarote. Só que, ao contrário da TV, no Brasil você não tem nem o controle remoto para mudar de canal.
Com informações Folha de S.Paulo