
A geopolítica mundial está, mais uma vez, à beira do abismo, e a história se repete de forma quase cíclica, como se os grandes líderes mundiais fossem incapazes de aprender com os erros do passado. A mais recente tensão entre Estados Unidos, Rússia e Irã coloca o planeta em um jogo de xadrez perigoso, no qual a menor movimentação errada pode desencadear um efeito dominó catastrófico. Dessa vez, a Rússia de Vladimir Putin lança um alerta ao Ocidente: qualquer ataque dos Estados Unidos contra o Irã será considerado uma ação ilegal e inaceitável, podendo levar a uma “catástrofe global irreversível”.
O recado foi dado de forma direta pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que condenou as ameaças de Donald Trump de bombardear instalações nucleares iranianas caso não haja um acordo sobre o programa atômico do país persa. O que impressiona, e ao mesmo tempo preocupa, é a insistência dos Estados Unidos em acreditar que sanções e ameaças militares são soluções viáveis para um problema que se arrasta por décadas.
Olhando pelos bastidores da política internacional, fica claro que essa movimentação é mais do que um simples jogo de pressão. Trata-se de um xadrez geopolítico onde Washington tenta enfraquecer Teerã para garantir sua hegemonia no Oriente Médio, enquanto Moscou age como o grande mediador que protege seus interesses na região. Afinal, a aliança entre Putin e o presidente iraniano Masoud Pezeshkian é estratégica, e qualquer movimento dos EUA contra o Irã é automaticamente visto pela Rússia como um ataque indireto à sua esfera de influência.
O que chama atenção é o tom enfático da declaração russa. Quando Maria Zakharova, porta-voz do governo Putin, diz que um ataque “levará a uma catástrofe irreversível”, ela não está apenas fazendo um jogo de palavras. O que se pode interpretar é um aviso claro de que uma escalada militar no Oriente Médio não ficaria restrita a um conflito localizado. Com uma Rússia disposta a defender seus aliados e uma China que não hesitaria em apoiar o Irã para frear a influência dos EUA, o mundo poderia estar diante de uma guerra de proporções impensáveis.
E Trump, por sua vez, não recua. Em uma entrevista, ele reiterou que, se o Irã não ceder às exigências norte-americanas, “haverá bombardeios como nunca se viu antes”. Um discurso que lembra a retórica usada em relação à Coreia do Norte anos atrás, mas que agora tem um peso ainda maior, pois envolve uma potência nuclear como a Rússia. Para piorar o cenário, relatórios apontam que os EUA estão reforçando sua presença militar na região, com a movimentação de bombardeiros B-2 e aviões de transporte C-17 para a base aérea de Diego Garcia, no Oceano Índico. Uma estratégia clássica de intimidação.
A grande questão que precisa ser feita é: o que realmente está em jogo? Não se trata apenas da questão nuclear iraniana. O que se desenha é uma batalha pelo equilíbrio de poder global. Os EUA buscam reafirmar sua liderança como polícia do mundo, enquanto Rússia e China tentam consolidar uma nova ordem multipolar. E o Irã? Bem, Teerã está jogando suas cartas com habilidade, aproveitando-se do apoio russo e chinês para resistir à pressão ocidental.
Para os conservadores que observam esse jogo político, fica evidente que o Ocidente está cada vez mais fragilizado diante das alianças do Oriente. O globalismo tentou vender a narrativa de um mundo unipolar, onde Washington teria a palavra final. Mas a realidade está mostrando que essa época ficou para trás. O que estamos vendo é um tabuleiro geopolítico onde diferentes potências disputam o protagonismo, e onde o nacionalismo e o pragmatismo político estão se tornando fatores determinantes para a sobrevivência de nações soberanas.
A guerra de narrativas também está a todo vapor. A mídia ocidental tenta pintar os Estados Unidos como os “mocinhos” e Rússia e Irã como os “vilões”. Mas quem acompanha a política internacional sabe que a história não é tão preto no branco assim. Afinal, Washington também tem suas mãos sujas em vários conflitos pelo mundo, financiando rebeldes, impondo sanções cruéis e desestabilizando regiões inteiras para manter sua influência.
No fim das contas, o grande perigo não é apenas uma guerra iminente, mas a incapacidade dos líderes mundiais de enxergarem que a diplomacia precisa prevalecer sobre a força bruta. Qualquer movimento precipitado pode colocar o planeta em uma situação sem volta. E para os brasileiros que observam de longe, a lição é clara: devemos fortalecer nossa soberania, evitar alinhamentos cegos e manter uma postura firme e independente na política externa.
Que os poderosos do mundo escutem esse alerta antes que seja tarde demais.
Com informações The Washington Times